
COMUNICADO
PPM – Ilha do Corvo
Federação das Pescas: entre a demagogia e o jogo de sombras
O PPM – Ilha do Corvo vem reagir ao recente comunicado da Federação das Pescas dos Açores, onde, em vez de assumir responsabilidades pela má gestão da distribuição de quotas de pesca nas ilhas, decidiu atacar o PPM, talvez por não ter mais nada de útil a dizer.
É impressionante como, sempre que se toca no ponto sensível — a má distribuição das quotas — a Federação apressa-se a subir ao palco da vitimização. Mas atenção: ninguém está a atacar pescadores. Está-se a questionar, isso sim, uma estrutura que há muito deixou de os representar a todos.
Quando o PPM propõe justiça na distribuição das quotas entre as nove ilhas, não está a dividir pescadores. Está a exigir o que é óbvio: que todos tenham o mesmo direito ao mar.
A Federação, com o seu tom altivo e institucional, tenta vender a ideia de que vem aí um novo trimestre com mais quotas — como se isso fosse suficiente para apagar as desigualdades agora vividas. A verdade é simples: as quotas vão continuar a ser mal distribuídas, os pescadores das ilhas mais pequenas continuarão a ser os últimos a receber, e a Federação continuará a fazer de conta que está tudo bem.
Aliás, é público que a Federação reuniu recentemente com várias associações de pescadores e, como já é hábito, saiu de lá com um “nada decidido” debaixo do braço. Mais um empurrar com a barriga. Mais um jogo de espelhos. Mais uma mão cheia de promessas e vazia de soluções.
E enquanto isso, os pescadores da Ilha do Corvo que esperem. Que vejam o peixe a passar-lhes à porta, porque a quota já esgotou — não por terem pescado demais, mas porque o modelo de distribuição é feito para beneficiar sempre os mesmos.
O modelo de gestão de quotas promovido pela Federação faliu. Caducou por vício, por vício de desigualdade. E a Federação insiste em mantê-lo, como quem protege uma herança mal passada. É um modelo desenhado para garantir a sustentabilidade dos grandes lobbies da pesca, enquanto se afundam as pequenas comunidades que vivem realmente do mar.
Importa sublinhar que, em interpelação própria, o Governo Regional dos Açores já foi formalmente instado pelo PPM a prestar os devidos esclarecimentos sobre esta matéria. Esse ato foi realizado no quadro institucional próprio, através do Deputado Regional do PPM na Região Autónoma dos Açores, com total coerência com a posição assumida por este partido na defesa da justiça na distribuição das quotas.
O presente comunicado é da inteira responsabilidade do PPM da Ilha do Corvo, que acompanha diretamente os efeitos deste modelo falhado na vida concreta da comunidade piscatória desta ilha.
É legítimo pensar que não reconhecer um erro quando algo correu objetivamente mal é não ter capacidade de gerir.
É igualmente legítimo questionar se a Federação das Pescas dos Açores deve continuar a ter a responsabilidade de gerir as quotas na Região Autónoma dos Açores. Porque a verdade é que a Federação não demonstra nem capacidade técnica, nem discernimento estratégico, nem isenção suficiente para essa função.
E disso faz voz a Coordenação do PPM da Ilha do Corvo, que reforça esse apelo e exige que a resolução deste problema não se arraste no tempo, agravando os prejuízos que já se fizeram sentir neste primeiro trimestre de 2025.
O PPM da Ilha do Corvo reafirma, com total clareza: não nos calaremos, não recuaremos, não desistiremos.
O que está em causa é a sustentabilidade da pesca nas ilhas mais pequenas dos Açores — e muito particularmente na Ilha do Corvo. E enquanto esta realidade não for reconhecida e corrigida, o PPM continuará ao lado dos pescadores do Corvo, com firmeza e sem medo de ameaças, diretas ou veladas.
Não nos calarão com comunicados pomposos nem com truques institucionais.
Não abandonaremos esta ilha. Não abandonaremos esta luta.
A Federação pode continuar a confundir representatividade com domínio.
O PPM continuará a lembrar-lhe que ser voz dos pescadores não é mandar nos pescadores.
É servi-los. A todos. Sem exceção.
26 de março de 2025
Paulo Margato
Coordenador do PPM -Ilha do Corvo