Açorianos de todas as ilhas e irmãos espalhados pelos quatro cantos do mundo.
Hoje, celebramos mais do que um arquipélago. Celebramos um Povo.
Um Povo moldado pelo vento e pelo mar, pela distância e pela saudade. Um Povo que nunca desistiu de ser bom.
O Dia dos Açores é também o Dia do Espírito Santo. Celebra-se a partilha. A partilha do pão, do vinho, do tempo e da alma.
É a única festa do mundo cristão onde o poder é dado aos humildes. Onde reina a irmandade. Onde a coroa pertence ao povo.
Numa época em que o mundo parece querer regressar à vingança, à divisão e à crueldade às vezes presente no Antigo Testamento, os Açores recordam-nos que há outro caminho.
Um caminho que começa em Jesus e se cumpre na partilha e na misericórdia. Rejeitamos a política do castigo, do olho por olho e da praga sobre os injustos. Abraçamos o Deus do amor.
Nas palavras de Santo Agostinho: “Ama e faz o que quiseres.”
Amar é o princípio de toda a política decente.
Amar é o fundamento da justiça.
Amar é sinónimo de Açores.
Vivemos tempos sombrios. A política tornou-se um palco para o insulto. A mentira corre mais veloz do que a verdade. A raiva é vendida como coragem. A demagogia como justiça. Alimenta-se o medo. Explora-se o ressentimento.
Nós decidimos não seguir esse caminho.
Recusamos a mentira. Recusamos a demagogia. Recusamos o ódio. Podemos não ter os votos de muitos, mas temos um compromisso com todos.
Queremos ser um refúgio de dignidade na política. Um abrigo de humanidade. Uma trincheira de solidariedade.
Sim, porque esse é o espírito e a essência do nosso Povo.
Como disse o Cardeal José Tolentino Mendonça: “A bondade é revolucionária.” E nós queremos ser parte e se for preciso mártires dessa revolução.
Os Açores estão a mudar o seu papel no mundo. Já não são apenas um ponto estratégico no Atlântico. São um lugar de encontro. Um refúgio. Um espaço de esperança.
Aqui, todos os homens e mulheres são iguais. Aqui, todos têm lugar à mesa. Aqui, ninguém é estrangeiro no coração dos outros.
Como escreveu o Padre António Vieira:
“Não é grande quem vence os outros, é grande quem se vence a si mesmo.” Quem vence o ódio, a inveja e o ressentimento.
O Povo Açoriano venceu-se a si mesmo muitas vezes. Venceu a fome com partilha. Venceu a distância com afeto. Venceu o medo com fé.
É essa a grandeza que hoje celebramos. E é essa grandeza que nos inspira.
Dizia Martin Luther King: “O ódio não pode expulsar o ódio: só o amor o pode fazer.”
Os Açores são um ponto de luz num mundo cada vez mais escuro. São um farol de valores quando tudo à volta parece naufragar.
Este lugar de beleza imensa, este paraíso das almas, chama-se Açores.
Aqui, todos têm lugar à mesa.
Aqui, ninguém vale mais do que ninguém.
Aqui, a coroa é do povo.
Aqui, não há castigo, há perdão.
Aqui, não há medo, há esperança.
Viva o Espírito Santo!
Viva a bondade dos nossos avós!
Viva a coragem dos nossos pais!
Viva o futuro dos nossos filhos!
Viva o Povo dos Açores!
Intervenção do deputado do PPM João Mendonça nas comemorações do Dia da Região:
https://www.facebook.com/61557099300256/videos/9847385595314988?locale=pt_PT

