Reportagem sobre a ilha do Corvo Açores

Reportagem Corvo FranceTV A2

Vamos agora numa expedição fora do comum até uma ilha misteriosa e espetacular ao largo de Portugal. Uma paisagem única que parece saída diretamente de um filme de contos e lendas, com o seu vulcão extinto coberto de neblina e vegetação. Um paraíso para os caminhantes, entre os quais estes franceses que foram acompanhados por Nicolas Bertrand e Fabien Fougères. É o último pedaço de terra europeia antes da América.

No meio do oceano Atlântico, aqui está a ilha do Corvo, uma ilha vulcânica pertencente a Portugal, a menor do arquipélago dos Açores. Provavelmente também a mais espetacular, atrai caminhantes de todo o mundo. Entre eles, esta família francesa.

Patrick Pontet organizou a viagem e levou os seus familiares nesta aventura. São oito ao todo, originários da Nova Aquitânia, e lançam-se à conquista do Corvo. Os franceses desembarcam na ilha. Há apenas uma coisa a fazer: subir, para alcançar, após cerca de uma hora de caminhada, a Caldeira, ou seja, o coração do vulcão que colapsou sobre si mesmo para criar esta paisagem. Ah, que loucura, é extraordinário. Dois quilómetros de diâmetro rodeados por paredes íngremes, na maior parte do tempo cobertas de nevoeiro.

O que cria uma atmosfera única. Ficamos um pouco chocados, na verdade. Quando se chega e se vê aquilo, é grandioso. Somos completamente arrebatados quando descobrimos este lugar, é um lugar idílico, algo que se vê apenas uma vez na vida. É verdadeiramente extraordinário. O trilho segue a crista do antigo vulcão por vários quilómetros, com passagens vertiginosas sobre o oceano.

Depois, é a descida em direção à cratera, diretamente pelo meio da vegetação alta. A família Pontet está sozinha no mundo, exceto por algumas ovelhas e vacas. Mesmo na Europa, há paisagens incríveis — não é preciso ir até ao outro lado do mundo para ver algo assim.

Acho que isto vai entrar para o topo de tudo o que já vimos em viagens. Não há palavras, sinceramente. O Corvo não tem apenas um vulcão, há também uma aldeia mais abaixo com uma estrada, uma igreja, uma escola e um café. É uma das ilhas habitadas mais pequenas do mundo — 400 pessoas vivem aqui.

Com a pecuária como principal atividade económica. No Corvo, há na verdade mais vacas do que habitantes. Rodrigues é criador de gado, trabalha à moda antiga. A rotina é ordenhar as vacas todos os dias, de manhã e à noite.

“É assim que faço desde sempre, faça chuva ou faça sol, todos os dias de manhã e à noite estou aqui”, diz ele. Com a esposa, prepara queijos na garagem. A receita é ancestral e muito simples. O leite cru é coalhado, salgado, depois misturado à mão e curado nestas prateleiras durante dois meses.

Antigamente, todas as famílias faziam o seu próprio queijo e manteiga, mas hoje já não. “Eu gosto de fazer este queijo, gosto de queijo, e com a minha esposa decidimos continuar. E hoje somos os últimos a fazê-lo.” 
Na ilha, Rogério e Cláudia produzem 600 queijos por ano, vendidos a 20€ cada. Um pequeno complemento de rendimento para estes criadores.

O queijo deles assemelha-se um pouco ao Cantal. Mais rústico, é consumido exclusivamente localmente e por alguns turistas de sorte, como estes polacos que vieram para uma degustação de produtos locais. “O sabor é um pouco especial, um pouco salgado, mas com o mel e as especiarias, fica ótimo.”

Para David Poche, o organizador, este tipo de encontro é o verdadeiro espírito da ilha. Ele defende um turismo mais lento, voltado para a natureza. É uma questão de sobrevivência.

“Agora temos de abrandar. Já não temos escolha. É nossa responsabilidade voltar ao essencial e respirar. Por isso, propomos às pessoas que abrandem aqui enquanto visitam a ilha.” 
Mas o Corvo nem sempre é de fácil acesso. No inverno, os ventos e o nevoeiro podem isolá-la do mundo durante semanas. Um isolamento que talvez faça parte do seu encanto.

E que preserva ainda mais a sua magia — verdadeiramente, muito, muito espetacular.

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