Nota Informativa

Nota Informativa

(Museu e Centro Cívico Luso-Bengali, no Martim Moniz – um compromisso com a História, a cultura e a inclusão)

No âmbito do seu programa humanista e de inclusão das comunidades imigrantes, o Partido Popular Monárquico (PPM) propõe a criação de um Museu e Centro Cívico Luso-Bengali, a instalar na zona do Martim Moniz, em Lisboa. Este projecto visa não apenas promover o conhecimento mútuo e o diálogo intercultural, mas também valorizar séculos de história partilhada entre Portugal e a região de Bengala, com destaque para o território do actual Bangladesh. A proposta assume-se como um marco cultural, educativo e simbólico de uma Lisboa plural, consciente da sua herança e aberta ao futuro.

A presença portuguesa na região de Bengala remonta a 1517, quando exploradores, comerciantes e missionários portugueses iniciaram contactos com o Sultanato de Bengala. A partir da década de 1530, comunidades luso-orientais estabeleceram-se em portos como Chittagong (hoje no Bangladesh) e Hooghly (na actual Bengala Ocidental, Índia). Estes primeiros portugueses foram os primeiros europeus a estabelecer presença permanente na região.

Durante os séculos XVI e XVII, Lisboa e as costas do Golfo de Bengala estiveram ligadas por rotas comerciais e religiosas, por alianças e também por conflitos. Missionários católicos — muitos vindos de Goa — fundaram igrejas, colégios e converteram comunidades locais. Os portugueses instalaram-se, não como conquistadores formais, mas como intermediários comerciais altamente úteis entre reinos e impérios rivais — o Sultanato de Bengala, o Império Mogol, o Reino de Arakan e os sultanatos muçulmanos vizinhos.

Os portugueses em Bengala misturaram-se com populações locais. Formaram famílias com mulheres bengalis, e os seus filhos – conhecidos como “castiços” – criaram uma base social híbrida. Esta comunidade luso-bengali falava português, bengali e muitas vezes persa, e tornava-se um grupo útil como intérpretes, diplomatas, mercadores e artesãos especializados, assegurando continuidade da comunidade, mesmo após o declínio da presença militar formal.

Em Chittagong, fundou-se uma comunidade luso-descendente, que resistiu durante séculos e onde, ainda hoje, se encontram famílias católicas com apelidos de origem portuguesa como D’Costa, Rozario, Gomes ou Pereira. Ainda no século XIX, viajantes europeus relatavam a existência de escolas portuguesas e igrejas activas naquela cidade costeira. Existirão ainda, em toda a Bengala, cerca de 15 mil descendentes de portugueses.

As influências da presença portuguesa na cultura bengali persistem até hoje, nomeadamente no vocabulário da língua bengali, onde diversas palavras derivam do português. Entre as dezenas de exemplos, encontram-se palavras como armário; balde, chave, mesa, roupa, sabão, capacho, guarda, caldeirão, janela, varanda, câmara (no sentido de quarto), cadeira, gamela, garrafa, botão, pires, bacia, boião, toalha, fita, prego, recibo, tanque, armazém, camisa, saia, ceroulas, aia (ama), pão, ananás, caju, papaia, pera, couve, salada, igreja, padre, santo, Jesus, cruz, batismo, âncora, mastro, bomba, cartucho, alcatrão, viola, espada, estábulo, inútil, leilão, hospital ou armada.

Para além da língua, há ecos portugueses na música religiosa bengali, no urbanismo de antigas cidades coloniais, em elementos arquitectónicos (como frontões ou varandas), na gastronomia (com pratos como vindaloo ou pão ruti) e nas práticas católicas ainda observadas nas igrejas de Bandel e Chittagong.

Este legado não é apenas histórico, mas humano. Reflete séculos de convivência com minorias marginalizadas, perseguidas ou silenciadas em diferentes contextos. católicos em países muçulmanos, hindus sob domínio islâmico, ou portugueses isolados em enclaves asiáticos. Do lado português, há também uma tradição de acolhimento a minorias — dos judeus sefarditas aos hindus de Goa, dos retornados de África aos novos cidadãos vindos do subcontinente indiano.

O Museu e Centro Cívico Luso-Bengali, que o PPM propõe, não será apenas um repositório histórico, mas um espaço de formação, diálogo e pertença. Um espaço que valoriza uma História partilhada, entre portugueses e bengalis, ao longo de meio milénio.

Na vertente museológica, contará com uma exposição permanente sobre as ligações entre Portugal e Bengala, organizada em três eixos: O período dos Descobrimentos e presença portuguesa no Golfo de Bengala; a diáspora luso-bengali e os vestígios culturais persistentes no século XXI; a imigração bangladeshi em Portugal e a sua contribuição para o país.

Na vertente cívica, propõe-se que o espaço acolha: Aulas de português, História, cultura e cidadania portuguesa para membros da comunidade migrante; cursos de língua e cultura bengali abertos ao público e oficinas de música, dança, gastronomia e poesia, promovendo o intercâmbio cultural. O espaço em causa deve ter um grande auditório para debates, exposições temporárias e sessões comunitárias.

Acreditamos que a integração não se faz apenas com documentos ou legislação, mas com espaços de encontro, com educação mútua, e sobretudo com reconhecimento simbólico e institucional.

O Martim Moniz é o local ideal para esta iniciativa. É aí que pulsa, todos os dias, a multiculturalidade de Lisboa. É também onde se torna visível a tensão entre o cosmopolitismo e a marginalização urbana. Ao propor este museu e centro cívico, o PPM quer transformar uma zona, muitas vezes tratada como um “problema”, numa referência positiva de cidadania e de cultura.

O PPM, fiel ao seu legado humanista, de inclusão, de tolerância em relação à diferença e de valorização da História nacional, propõe este gesto de união entre a memória e o futuro. Queremos construir um espaço onde os pais e os filhos dos imigrantes do Bangladesh possam aprender que a nossa História comum tem 500 anos e que partilhamos um futuro português.

Porque a inclusão começa pelo respeito. E o respeito nasce da memória e do conhecimento.

Lisboa, 6 de maio de 2025

O Presidente da Comissão Política do PPM

(Gonçalo da Câmara Pereira)

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