Comunicado sobre a Tragédia do Elevador da Glória no dia 3 de Setembro às 18 horas

Um pouco depois das 18 horas do dia 3 de Setembro houve uma tragédia no Elevador da Glória em Lisboa. Morreram até ao momento 15 pessoas entre os quais um dos guarda freios e ficaram feridas 23.

Pelas entrevistas feitas pela comunicação social junto das pessoas que assistiram ao acidente percebe-se que a cabine que estava em baixo descaiu bruscamente cerca de um metro e meio até ao final do percurso e que a cabine de cima deixou de estar segura pelo cabo que ligava as duas cabines pela calha no chão, que partiu, e acelerou ao longo da rampa com 17% de declive, tendo-se despenhado num dos prédios da ladeira, ficando desfeita.

É tempo de pensar um pouco em silêncio, lamentar e visitar as vítimas, conhecer e consolar os familiares, ir ao enterro, aparecer, indagar, assumir, pedir desculpa e seguir em frente com melhor atitude.

Não é suficiente esperar um ano pelo inquérito.

Na verdade, sabendo que os guarda freios já tinham avisado de problemas na travagem que não foram convenientemente considerados pela manutenção protocolada ou pelos responsáveis pela eventual obsolescência da tecnologia usada, é natural pensar que não basta cumprir os protocolos que manifestamente não preveem tudo.

É preciso a responsabilidade humana para além das obrigações contratuais de cada um e de cada entidade. Nos elevadores de Lisboa e em tudo que acontece ao nosso lado.

Não cremos que seja essa a mensagem passada até agora e que é urgente dar espaço em tudo à responsabilidade do próximo, para além dos protocolos e contratos dos profissionais, não só quando o desastre acontece, mas também quando o desastre se pressente.

Tomaz Ponce Dentinho

📸: Miguel A. Lopes/EPA/ SHUTTERSTOCK

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